O BRASIL NO FINAL DO SÉCULO XIX
Na
década de 1880, diferentemente do que acontecia na Europa, o Brasil não vivia o
processo do desenvolvimento industrial. Éramos ainda um país essencialmente
agrário, além de monarquista e escravocrata. Apesar dos crescentes movimentos
liberais, só nos últimos anos dessa década ocorreriam o fim da escravidão
(1888) e a proclamação da República (1889). E, nos últimos anos do século, a
República recém - proclamada ainda enfrentaria três grandes problemas: a
Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul (1893-1895), a Revolta da Armada,
no Rio de Janeiro (1893-1894), e a Rebelião de Canudos, no interior da Bahia
(1896-1897).
A CAPITAL FEDERAL EM 1880: UMA CIDADE DE PALACETES E CORTIÇOS
Quem
visitasse o Rio de Janeiro por volta de 1880 conheceria duas cidades bem
diferentes. A alta sociedade morava em palacetes, vivia à moda europeia e
passeava pela elegante Rua do Ouvidor. Mas essa sociedade representava uma
minoria da população. Na verdade, sua riqueza e seu modo de vida dependiam da
exploração do trabalho dos escravos e dos brancos pobres, trabalhadores livres
(entre os quais imigrantes portugueses e italianos) que viviam em péssimas
condições nos diversos cortiços cariocas.
O REALISMO E O NATURALISMO NO BRASIL
Embora
o Realismo e o Naturalismo tenham interesses e procedimentos diferentes, ambos
têm em comum o compromisso de observar, denunciar e documentar a realidade
social. O Realismo tem como objetivo analisar a força das instituições sobre o
indivíduo, no retrato das relações humanas permeadas de interesses, na
introspecção psicológica. O Naturalismo analisa a força de fatores como
hereditariedade e meio sobre o comportamento humano.
O
Realismo introduz outra "galeria" de personagens na literatura.
Diferentemente do Romantismo, não encontraremos homens e mulheres finos e
elegantes, donzelas apaixonadas, mansões e ambientes luxuosos. O romance
adquire então uma função diferente daquela que exercia no Romantismo. Não é mais
visto apenas como entretenimento ou diversão das mulheres e estudantes.
O
romance urbano começava a representar outra camada da população - os pobres e
miseráveis que lutavam pela sobrevivência diária. Seguindo de perto as
tendências do Realismo e do naturalismo na França e em Portugal, nossos
escritores enveredaram pela crítica social, fazendo da literatura uma forma de
análise da realidade brasileira, por exemplo, O cortiço, de Aluísio de Azevedo.
No
romance sertanejo ou regionalista, o escritor realista procura descrever com
mais senso crítico os problemas que atingem as populações do interior, num
enfoque mais social, que continuará marcando presença no início do século XX e
terá grande desenvolvimento na década de 1930, no Modernismo.
MACHADO DE ASSIS
Joaquim
Maria Machado de Assis é considerado um dos nomes mais importantes da nossa
literatura. Destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha
escrito crônicas, crítica literária, peças de teatro e quatro livros de poesia.
● Os romances
Machado
de Assis escreveu nove romances. Nos primeiros – Ressurreição (1872), A mão e a
luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) -, ainda se apresentam alguns
traços românticos na caracterização dos personagens. À medida que o trabalho de
Machado de Assis foi amadurecendo, esses traços deram lugar a análises do
comportamento humano ainda mais profundas, que revelavam, por trás dos atos
aparentemente bons e honestos dos personagens, a vaidade, o egoísmo, a
hipocrisia do ser humano.
A
vida em sociedade passa a ser caracterizada, ainda mais explicitamente, como
uma espécie de campo de batalha em que os homens lutam para gozar uns bons
momentos de prazer e satisfazer seus desejos de riqueza e ostentação, enquanto
a natureza assiste ao drama humano com indiferença. Essas características estão
mais acentuadas nos seguintes romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881),
Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de
Aires (1908).
● Os contos
No
século XIX, o conto brasileiro atingiu seu ponto mais alto com Machado de
Assis, que escreveu verdadeiras obras-primas de análise psicológica e social,
tais como Missa do Galo, A cartomante, O espelho, O enfermeiro, entre outros.
● INDICAÇÃO DE LEITURA (romances)
Memórias
Póstumas de Brás Cubas (a ruptura do romance), Quincas Borba, Dom Casmurro (uma
história de dúvida e traição), de Machado de Assis. O cortiço, de Aluísio de
Azevedo. O Ateneu, de Raul Pompeia.
● INDICAÇÃO DE LEITURA (contos)
Missa do
Galo e O enfermeiro, de Machado de Assis.
MACHADO NA INTERNET
Na internet,
você pode ler e baixar quase toda a obra de Machado de Assis no site www.dominiopublico.gov.br.
Nele você
vai encontrar dezenas de contos e romances inteiros do autor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA,
William Roberto. Magalhães, Thereza Cochar. Português linguagens: volume 2 .
- 7. ed. reform. - São Paulo: Saraiva, 2010.
SAMENTO,
Leila Lauar. TUFANO, Douglas. Português:
literatura, produção de texto. - 1. ed. - São
Paulo: Moderna, 2010.
PROFESSORA ESPACIALISTA DANUSSA
SOUZA DO AMARAL – ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO EDGARDO PEREIRA VELHO/TAVARES
- RS
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