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30 de jul. de 2013

O REALISMO NO BRASIL

O BRASIL NO FINAL DO SÉCULO XIX
            Na década de 1880, diferentemente do que acontecia na Europa, o Brasil não vivia o processo do desenvolvimento industrial. Éramos ainda um país essencialmente agrário, além de monarquista e escravocrata. Apesar dos crescentes movimentos liberais, só nos últimos anos dessa década ocorreriam o fim da escravidão (1888) e a proclamação da República (1889). E, nos últimos anos do século, a República recém - proclamada ainda enfrentaria três grandes problemas: a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul (1893-1895), a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro (1893-1894), e a Rebelião de Canudos, no interior da Bahia (1896-1897).   

A CAPITAL FEDERAL EM 1880: UMA CIDADE DE PALACETES E CORTIÇOS
            Quem visitasse o Rio de Janeiro por volta de 1880 conheceria duas cidades bem diferentes. A alta sociedade morava em palacetes, vivia à moda europeia e passeava pela elegante Rua do Ouvidor. Mas essa sociedade representava uma minoria da população. Na verdade, sua riqueza e seu modo de vida dependiam da exploração do trabalho dos escravos e dos brancos pobres, trabalhadores livres (entre os quais imigrantes portugueses e italianos) que viviam em péssimas condições nos diversos cortiços cariocas.  

O REALISMO E O NATURALISMO NO BRASIL
            Embora o Realismo e o Naturalismo tenham interesses e procedimentos diferentes, ambos têm em comum o compromisso de observar, denunciar e documentar a realidade social. O Realismo tem como objetivo analisar a força das instituições sobre o indivíduo, no retrato das relações humanas permeadas de interesses, na introspecção psicológica. O Naturalismo analisa a força de fatores como hereditariedade e meio sobre o comportamento humano.
            O Realismo introduz outra "galeria" de personagens na literatura. Diferentemente do Romantismo, não encontraremos homens e mulheres finos e elegantes, donzelas apaixonadas, mansões e ambientes luxuosos. O romance adquire então uma função diferente daquela que exercia no Romantismo. Não é mais visto apenas como entretenimento ou diversão das mulheres e estudantes.
            O romance urbano começava a representar outra camada da população - os pobres e miseráveis que lutavam pela sobrevivência diária. Seguindo de perto as tendências do Realismo e do naturalismo na França e em Portugal, nossos escritores enveredaram pela crítica social, fazendo da literatura uma forma de análise da realidade brasileira, por exemplo, O cortiço, de Aluísio de Azevedo.
            No romance sertanejo ou regionalista, o escritor realista procura descrever com mais senso crítico os problemas que atingem as populações do interior, num enfoque mais social, que continuará marcando presença no início do século XX e terá grande desenvolvimento na década de 1930, no Modernismo. 

            MACHADO DE ASSIS
            Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos nomes mais importantes da nossa literatura. Destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha escrito crônicas, crítica literária, peças de teatro e quatro livros de poesia.
            ● Os romances
            Machado de Assis escreveu nove romances. Nos primeiros – Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) -, ainda se apresentam alguns traços românticos na caracterização dos personagens. À medida que o trabalho de Machado de Assis foi amadurecendo, esses traços deram lugar a análises do comportamento humano ainda mais profundas, que revelavam, por trás dos atos aparentemente bons e honestos dos personagens, a vaidade, o egoísmo, a hipocrisia do ser humano.
            A vida em sociedade passa a ser caracterizada, ainda mais explicitamente, como uma espécie de campo de batalha em que os homens lutam para gozar uns bons momentos de prazer e satisfazer seus desejos de riqueza e ostentação, enquanto a natureza assiste ao drama humano com indiferença. Essas características estão mais acentuadas nos seguintes romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
            ● Os contos
            No século XIX, o conto brasileiro atingiu seu ponto mais alto com Machado de Assis, que escreveu verdadeiras obras-primas de análise psicológica e social, tais como Missa do Galo, A cartomante, O espelho, O enfermeiro, entre outros.

● INDICAÇÃO DE LEITURA (romances)
Memórias Póstumas de Brás Cubas (a ruptura do romance), Quincas Borba, Dom Casmurro (uma história de dúvida e traição), de Machado de Assis. O cortiço, de Aluísio de Azevedo. O Ateneu, de Raul Pompeia.

● INDICAÇÃO DE LEITURA (contos)
Missa do Galo e O enfermeiro, de Machado de Assis.

MACHADO NA INTERNET
Na internet, você pode ler e baixar quase toda a obra de Machado de Assis no site www.dominiopublico.gov.br.
Nele você vai encontrar dezenas de contos e romances inteiros do autor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, William Roberto. Magalhães, Thereza Cochar. Português linguagens: volume 2 . - 7. ed. reform. - São Paulo: Saraiva, 2010.
SAMENTO, Leila Lauar. TUFANO, Douglas. Português: literatura,         produção de texto. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.


 PROFESSORA ESPACIALISTA DANUSSA SOUZA DO AMARAL – ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO EDGARDO PEREIRA VELHO/TAVARES - RS


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